terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Padre António Branco, 1924-2018


O Padre Branco faleceu hoje e o funeral realiza-se amanhã, pelas 15 horas, em São Vicente da Beira, sua última paróquia e terra adotiva, 
(além de sua mãe Luzia ser do Casal dos Ramos).
Foi a pessoa mais marcante da nossa freguesia, na segunda metade do século XX.

José Teodoro Prata
A foto é do Pe. José Leitão

Lurdes Pedro


Os irmãos Joaquim, Hermínia, João e Amélia
(a mãe de Maria de Lurdes Ricardo Pedro, esposa de Edmundo Pedro).
Esta irmandade (na foto faltam a Pureza, o Francisco, a José, a Augusta e a Orada, falecida em criança), a que chamamos dos Teodoros, foi gerada por António dos Santos e Maria Rosa Macedo.
Não é de todo correto generalizar o apelido Teodoro para esta família. 
Nos registos de batismo dos seus filhos, António dos Santos aparece ainda referido como António Matias, António Matias dos Santos, António Teodoro ou António Teodoro dos Santos. Isto porque o seu pai se chamava Teodoro Matias dos Santos.

Nota: Em comentário à publicação anterior, respondi ao José Barroso dizendo que a Amélia de Jesus era a irmã mais velha da sua avó Hermínia. Não é correto, pois teve vários irmãos mais velhos, incluindo a Tia Hermínia.

M. Libânia Ferreira (foto cedida pela Madalena, neta de Joaquim Teodoro)
José Teodoro Prata (texto)

domingo, 28 de janeiro de 2018

Gente nossa

Resultado de imagem para Edmundo Pedro


Edmundo Pedro faleceu ontem e vai hoje a sepultar. Estava casado com Maria de Lurdes Ricardo, filha dos sanvicentinos Amélia de Jesus (Teodoro) e João Ricardo (este combatente da Grande Guerra).

Ler esta pequena resenha da sua vida, tirada de:
https://www.dn.pt/portugal/interior/edmundo-pedro-morreu-tive-uma-vida-fantastica-9079455.html (com cortes)

Antifascista, foi preso pela primeira vez aos 15 anos e estreou o campo do Tarrafal.
Começou a trabalhar aos 12 anos numa oficina de serralharia e aos 13 já estava no Arsenal da Marinha, onde conheceu dois "vultos" do movimento operário, que o levaram nesse ano para a Juventude Comunista Portuguesa. Com 15 anos foi detido no dia 17 de janeiro de 1934 pela primeira vez, quando da preparação de uma greve geral, em abril de 1935, depois de libertado, foi eleito para a direção da JCP com Álvaro Cunhal, e aos 17 anos acabou preso uma segunda vez em fevereiro de 1936 - e em outubro desse ano foi estrear (com o seu pai, Gabriel) "o tristemente célebre" campo de concentração do Tarrafal, prisão em Cabo Verde para presos políticos da ditadura de Salazar.
Poucos, como Edmundo Pedro (nascido no Samouco, Alcochete, em 8 de novembro de 1918), podem apresentar um parágrafo biográfico da sua adolescência tão intenso como este. Antifascista, afastou-se do PCP e juntou-se ao PS no ano em que este partido foi fundado - em 1973. Depois do 25 de Abril foi deputado socialista, presidente da RTP e um contador da sua história. Morreu ontem em Lisboa, aos 99 anos, revelou fonte do partido.
A vida de Edmundo Pedro é de espanto. Esteve dez anos no Tarrafal e, com o seu pai, foi o preso que mais tempo esteve na "frigideira". "Eu bati o recorde da frigideira porque tentei fugir. O castigo era 70 dias. Eu e o meu pai estivemos 70 dias. Não se pode imaginar o que era aquilo. A temperatura lá dentro chegava a atingir quase 50 graus. À noite havia uma condensação e a humidade escorria pelas paredes e nós lambíamos aquilo. Tiraram-nos a água. Não se faz ideia do que era aquele sofrimento", recordou na referida entrevista.
Não se armava em herói sobre esses dez anos preso sem culpa formada e sem ser julgado (cortesia da ditadura). "Tive momentos em que me fui abaixo." Não foi isso, no entanto, que o fez baixar os braços quando voltou a Portugal. "Regressei a Lisboa para ser, de novo, julgado no Tribunal Militar Especial", contou ele sobre o seu "percurso existencial", uma nota autobiográfica escrita para o blogue Caminhos da Memória.
Depois da Segunda Guerra Mundial e até à Revolução de 1974, Edmundo Pedro conspirou "sempre contra a ditadura". Esteve na campanha presidencial de Humberto Delgado, em 1958, num movimento insurrecional "que pusesse fim à ditadura", primeiro no 12 de março de 1959 (onde escapou à polícia) e no "golpe de Beja", em 1 de janeiro de 1962.
Uma vez mais acabou detido, em Tavira, para onde tinha fugido depois do falhanço deste movimento. Só foi libertado em 1965, com os seus "direitos políticos" inibidos por 15 anos. O 25 de Abril chegaria antes.
Edmundo Pedro tinha cortado com o PCP quando do tempo de prisão no Tarrafal. Em setembro de 1973 cruzou-se com Mário Soares e aderiu ao PS, que tinha sido fundado em abril desse ano em Bad Munstereifel, na Alemanha.
Já na democracia, ainda passou pela prisão, em 1978, depois de terem sido encontradas 150 armas num armazém de uma empresa sua em Setúbal. Essas armas, revelou no terceiro volume das suas memórias, em novembro de 2012, foram-lhe entregues por ordens diretas de Ramalho Eanes, na noite do 25 de novembro. "O Eanes, aqui nesta mesa (aponta para uma mesa na sala de sua casa), pediu o apoio do PS para a resistência e comprometeu-se a entregar 150 armas ao PS para que colaborasse com eles", contou ao i. Nunca foram usadas e Edmundo Pedro não revelou porque as tinha. "Bastava ter dito que Eanes as tinha dado", mas achou que "não o devia fazer" por ser ele então o presidente da República.

"Tive uma vida fantástica", sintetizava ao i em 2017. Teve mesmo.

José Teodoro Prata

sábado, 27 de janeiro de 2018

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Incêndios


Ana Isabel Jerónimo Patrício

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

A 1.ª Guerra Mundial

Faz este ano 2018, cem anos que terminou a primeira guerra mundial.
O argumento principal, parece ter sido o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando em Sarajevo.
Os grandes países da Europa, face a este incidente começaram a tomar medidas e responsabilizaram a Sérvia por este acto hediondo.
Entretanto, a Alemanha trazia em mente fazer uma invasão relâmpago à Rússia; na altura era uma nação aliada da França. No dia 1 de Agosto do ano 1914, a Alemanha entra em território russo, a seguir, invade a Bélgica e o Luxemburgo.
Algum tempo antes, tinha invadido a Sérvia. A Inglaterra, não gostou que a Alemanha tivesse invadido a Bélgica; assim, no dia 4 de Agosto declarou guerra à Alemanha.
O rastilho aos poucos ardia por toda a Europa, cidades, vilas e aldeias completamente devastadas, mortes por todo o lado, milhões de pessoas morrem, soldados abrem valas denominadas trincheiras, onde vivem, dormem, comem, guerreiam. Valas cobertas de água, lama; o frio, a neve, o vento são atrozes.
Portugal, ao princípio lá se foi mantendo neutro; mas, existiam as colónias. Angola e Moçambique eram alvo da cobiça alemã.
Os Estados Unidos, o Canadá, a Austrália, a Índia…participam no conflito.
Finalmente, no dia 11 de Novembro de 1918, é decretado o armistício, os aliados ganham a guerra.
Os impérios Alemão, Russo, Austro-Húngaro, Turco, desapareceram.
A Europa retalhou-se em pequenas nações, uma catástrofe igual; nunca mais, diziam.
Famílias inteiras morreram. “Nos anos setenta do século passado, em França, ainda havia muitas terras sem dono; maçãs, nozes… eram de quem as apanhava. Ainda se viam ruas esventradas, por causa das guerras”.
A primeira grande guerra iniciou-se no dia 28 de Julho de 1914 e terminou em 1918. Quatro anos, três meses e 14 dias depois.
Homens de um e outro lado da barricada, matam-se, caem que nem tordos; tudo por causa da vã glória de mandar.
O imperialismo, seja ele qual for, não é bom. Isto de um país querer impor sua vontade noutros territórios dominando-os, seja a nível cultural ou económico nunca deu bons frutos.
Portugal, por causa de defender as colónias que estavam a ser alvo da cobiça alemã, teve que entrar na guerra ao lado dos aliados. Nossos soldados, mal equipados, mal armados, mal comidos, sempre demonstraram grande valentia.
Durante dois anos, as tropas portuguesas foram enviadas para Angola e Moçambique; em 1916, os ingleses pediram a Portugal o arresto de todos os navios alemães que se encontrassem nas costas portuguesas. Quem não achou graça nenhuma, foram os alemães que declararam guerra a Portugal. Desta maneira, no dia 9 de Março de 1916, Portugal entra “oficialmente” no conflito militar.
No ano 1917, o comandante português, Tamagnini Abreu, comanda as primeiras forças expedicionárias. Muito mal preparadas, a Inglaterra dá uma ajuda ensinando os portugueses a lutar nas trincheiras.
Milhares partiram para a Flandres, norte de França… Duzentos mil. Dez mil aproximadamente, morreram em combate ou noutras circunstâncias, milhares regressaram feridos, estropiados, esgazeados…
Durante o tempo que durou o conflito, participaram na guerra cerca de sessenta milhões; morreram oito milhões de soldados; civis, quase outros tantos, seis milhões; muitos países que não participaram directamente no conflito, não estavam melhor, as populações morriam à fome, as crianças andavam ao deus dará pelas ruas. Um horror!
Genocídios em massa, limpezas étnicas. O homem não aprendeu a lição, alguma décadas depois inicia-se outro grande conflito; segunda guerra mundial.
Nunca mais terminam as guerras.
Paz, haja Paz.
O diálogo une os povos; a ira, a ambição desmedida, destrói e mata. O mundo precisa de amor fraternal, o ódio é a causa das desgraças e das misérias humanas.
Criem-se pontes, derrubem-se muros, para que o povo que somos todos nós, não sofra mais atrocidades.
Olhem; nascemos nus, quando morremos vestem-nos um fatito e calçam-nos um par de sapatos, quantos há, que nem isso. Então…
O Zé é que se lixa.

J.M.S

 

A Grande Guerra vista pelo pintor expressionista alemão Otto Dix.

José Teodoro Prata

domingo, 21 de janeiro de 2018

São Sebastião

Ontem, dia de São Sebastião, o Zé Pasteleiro fez filhoses para oferecer a todos os clientes que foram à pastelaria. Eu não fui lá, mas soube do feito quando as estava a comer, com a minha irmã Celeste e a minha mãe.
Estavam boas!
Uma forma original de reviver o bodo de São Sebastião. Grande Zé!

A foto abaixo é uma das muitas da coleção do Pedro Gama Inácio. Mostra a procissão de São Sebastião, em meados dos anos 60 do século passado (o miúdo à direita é o meu primo João Candeias - ora ele nasceu em 1956(?), logo teria perto de 10 anos na altura da foto).

José Teodoro Prata

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Prevenir...

População da Ribeira da Isna toma medidas preventivas contra incêndios.


Gazeta do Interior, 10 de janeiro de 2018

Nota: O jornal Reconquista traz esta semana um artigo sobre um projeto semelhante em Proença-a-Nova, mas neste caso abrangendo todas as povoações do concelho.

José Teodoro Prata

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Itinerâncias

Aqui há tempos, em conversa com uma amiga turca, falei-lhe das bibliotecas itinerantes da Gulbenkian, e da importância que tiveram para promover o contacto e o gosto pela leitura nos lugares mais escondidos de Portugal.

Este seria o modelo Citroen original, mas a carrinha que vinha à nossa Praça era cinzenta.

Contei-lhe também a ansiedade com que esperava o dia da chegada da carrinha à nossa Praça e das artimanhas que arranjava para conseguir requisitar os livros que, segundo o senhor (não me lembro do nome do responsável pela carrinha que vinha a São Vicente) não eram para a minha idade. E, depois em casa, da dificuldade para conseguir lê-los às escondidas da minha mãe, que achava que ler era uma perda de tempo, e já me chegavam os da escola.
Há dias a minha amiga surpreendeu-me com esta fotografia. Pelos vistos, na Turquia, era assim, mais ou menos pela mesma altura.
 
Maravilhoso!

M. L. Ferreira

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

As receitas das avós


É sobretudo um livro de afetos, das avós para os seus netos e dos amigos para a RVJ Editores.
Há receitas muito boas.
São Vicente da Beira está presente com as papas de carolo da Maria do Carmo. Que bom!



O livro custa 20 euros e está à venda na sede da RVJ, sita junto à primeira rotunda do bairro da Carapalha (Castelo Branco). Restam apenas algumas dezenas.

Jodsé Teodoro Prata

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Viriato Nunes Lopes Russo






Jaime da Gama
(O último documento é uma preciosidade do Ernesto Hipólito)

domingo, 7 de janeiro de 2018

Os Reis Magos


Os miúdos dos bombos abriam o desfile a caminho do presépio.


Uma família feliz!


Primeiro vieram os pastores, as costureiras...
Só no fim chegaram os reis magos.
Que requinte!


Traziam presentes para todos: miúdos...


...e graúdos. 
Também me coube um saquinho de guloseimas!

Ana Isabel Jerónimo Patrício (fotos)
José Teodoro Prata (legendas)

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Felisberto Coelho Telles Jordão Monteiro



Felisberto Coelho Telles Jordão Monteiro não nasceu em São Vicente, mas terá vindo viver para cá ainda jovem, dizem que para substituir o pai, que tinha adoecido, no cargo de Secretário da Administração do Concelho (coisas das monarquias, que teimam em persistir na atualidade…).



Tinha vinte e um anos quando se casou com Mariana Augusta Ribeiro Robles, um pouco mais velha que ele, filha de Maria Rita Paulina e José Ribeiro Robles. Como os pais casaram algum tempo após o nascimento da filha, Mariana aparece como filha natural em todos os registos paroquiais. Curiosamente, apenas no registo de óbito é referido o nome do pai.
O casal teve muitos filhos, como era habitual naqueles tempos:
1.    Maria da Glória Robles Monteiro (1873) que casou com Manuel de Brito Coelho de Faria, Amanuense da Administração do Concelho de Castelo Branco. Também tiveram muitos filhos, alguns dos quais morreram ainda crianças;
2.    Maria Albertina Robles Monteiro (1875) que foi professora e morreu solteira. Dizem que tirou o curso por vontade do pai, que não se conformava por, em São Vicente, haver tanta gente analfabeta. A escola era numa sala da casa da família, na rua Nicolau Veloso. Contam que Maria Albertina era muito religiosa e que, sempre que o relógio dava as horas, mandava levantar os alunos e rezavam: Bendita seja a hora, bendito seja o dia, bendita seja a pureza da Virgem Maria. Tanto este relógio como a palmatória, que seria usada com alguma frequência, ainda estão guardados como verdadeiras relíquias;
3.    Felisberto Robles Monteiro (1878) que faleceu com pouco mais de um ano (um dado curioso é que a madrinha da criança foi a irmã Maria da Glória que, na altura, tinha cinco anos de idade);  
4.    Ângela Robles Monteiro (1880) que foi freira Doroteia e faleceu em Nápoles;
5.    Maria Amália Robles Monteiro (1883) que casou com José Gomes Barroso e também tiveram muitos filhos, entre eles um que foi padre: o Padre Albertino;
6.    Maria Guilhermina Robles Monteiro (1883), gémea com Maria Amália, que morreu quase à nascença;
7.    Hermínia Robles Monteiro (1885) que morreu solteira;
8.    Felisberto Robles Monteiro (1888) que estudou no seminário e no Colégio de S. Fiel, e fez depois o Curso Superior de Letras. Foi ator e encenador, e casou com Amélia Rey Colaço, também atriz. O casamento não terá sido do agrado dos pais, devido à profissão da noiva, e levou tempo até que fosse aceite pela família.

Para além de Secretário da Administração do Concelho, Felisberto Jordão Monteiro terá sido também Provedor da Misericórdia de São Vicente da Beira, onde ainda se encontra uma reprodução do retrato que encima este artigo.
Seria uma pessoa de bem, honesto e zelador dos interesses do concelho. Uma das bisnetas partilhou comigo algumas das histórias que, sobre ele, ainda se contam na família:
Um dia vinha a descer as escadas do edifício da Câmara, elegantemente vestido, cartola na cabeça, bengala pendurada no braço, quando se depara com outro funcionário que andaria a meter dinheiros públicos ao bolso. Ao cruzar-se com ele, pára, olha-o de frente, ergue a bengala no ar e berra-lhe: «gatuno, azeiteiro, ladrão desta Câmara, desapareça-me da frente ou vai já pelas escada abaixo!». Não se sabe como é que a coisa acabou…
Diz que outra vez, já noite, terá recebido uma notícia que o deixou desassossegado. Tão desassossegado que, apesar da escuridão e do frio da noite, aparelhou o cavalo, vestiu o capote e disse para a mulher que tinha que ir a São Fiel. A mulher, preocupada, ainda tentou convencê-lo de que fosse apenas de manhã cedo, mas ele não lhe deu ouvidos. Só lhes restou ficarem todas, a mulher e as filhas (o filho seria ainda criança), a espreitar por uma janela, cheias de medo, a vê-lo desaparecer ao fim da rua, na escuridão. Não se conhecem ao certo os motivos desta viagem noturna tão urgente, mas constou-se que levaria uma bandeira inglesa que hasteou no Colégio para evitar a sua ocupação, não se sabe por que forças…
Felisberto faleceu ainda novo, em 1901; tinha 50 anos de idade. Apesar dos muitos filhos que teve, não lhe restam muitos descendentes porque a maior parte dos filhos e netos não casaram ou não tiveram descendência. A casa onde viveu ainda se mantém na família e guarda muitas das memórias de várias gerações.

M. L. Ferreira

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

9.º Aniversário Dos Enxidros

Quantos anos tenho?

Tenho a idade em que as coisas são vistas com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos começam a acariciar com os dedos e as ilusões se convertem em esperança.
Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama intensa, ansiosa por consumir-se no fogo de uma paixão desejada.
E outras vezes é uma ressaca de paz, como o entardecer em uma praia.
Quantos anos tenho?
Não preciso de um número para marcar, pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho ao ver minhas ilusões despedaçadas…
Valem muito mais que isso.
O que importa se faço vinte, quarenta ou sessenta?!
O que importa é a idade que sinto.
Tenho os anos que necessito para viver livre e sem medos.
Para seguir sem temor pela trilha, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios.
Quantos anos tenho? Isso a quem importa?
Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e o que sinto.

Por José Saramago


José Teodoro Prata